Willem de Kooning, Ashville, 1947 |
Cresce, em dias de Setembro, um
medo
emaranhado nas arribas do céu.
As rajadas
abanam prédios e os muros em
precário
equilíbrio dissolvem-se. Quando
chove, pela cidade
rugem deserdados cães e o rio
dilata, engrossa,
longe lança suas redes; os
homens, ínfimos
peixes, correm rua abaixo,
gritam de lama
inundados. Como barcos pela
âncora surpresos,
carros travam na vertigem da
água e em janelas
esconsas abrem-se olhos
vítreos,
promessas de luz na polida pedra.
As dolentes
árvores, em mansidão vegetal,
cobrem
de sombras e suspiros as
avenidas mármore
e cal. Ao arderem, gelam
desmemoriadas.
(2006 )
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.