domingo, 19 de novembro de 2023

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Jakob Alt, The Garden of Laudaya, 1841

 De repente, de tudo o que é verde no parque,
ninguém sabe o quê, alguma coisa foi retirada
Rainer Maria Rilke

É grande o mistério da persistência das coisas, da sua perseverança em continuar na existência, em vencer o tribunal do tempo e adiar a sentença que entrega tudo o que existe ao grande império do não existente. Porém, ainda maior é o enigma da sua entrada na inexistência, na sua rendição à guarda pretoriano do nada. Usam-se expressões como de repente, de súbito para expressar uma perplexidade sobre aquilo que estando na existência dela se ausentou, não se sabendo como nem, muitas vezes, o quê. O que está deixa de estar, como alguém na sala de sua casa, em companhia de outros convivas, pretextando uma súbita dor de cabeça, se retira para o quarto, entregando-se em solidão à sua dor. Talvez tudo o que desaparece do mundo se retire para um lugar onde, solitariamente, convive com a dor de existir e assim abandona a existência.

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