Oscar Bluemner, Paterson Centre (Expression of a Silktown), 1914-15 |
Tudo tão distante se tornou, as
casas, as silhuetas,
as ruas espinhadas de gente.
Roncos de máquinas,
motorizados e frementes, tudo
tão distante se tornou,
as praças abertas para o rio, o
vento, o vento as traz
consigo, ao bater nos telhados.
Ressoa um cântico,
horas que ao silvar longe se
ouvem presas na solidão.
Em cadência imprecisa deixo os
olhos vogar entre
ruas e avenidas e espero a
súbita sombra que a luz,
ao morrer, em canto incerto faz
cair. Abandonados,
entre quintais vis e
esfacelados, muros cobrem-se
de ervas, memória da terra a
germinar na cidade.
No céu, um tremor de nuvens,
astros, o sol a cintilar.
As vozes sumidas entram pelas
casas e escondem
o nada que as inflama. Tão
cansadas, falam como se
a um deus orassem e nada dizem,
e nada ouvem, vozes,
ecos, o tempo as esqueceu,
debruadas de silêncio,
gradadas ervas sujeitas ao mar.
Quando subo, de gente
mirram as colinas, moinhos à espreita
de um vendaval.
A distância aumenta, se as ruas
em desvario corro,
e há homens e mulheres
afadigados entre hotéis
vazios e jardins fanados,
castanheiros de úlceras
cobertos. Nas estradas, pombos,
gatos alados, as
vísceras às varejeiras
oferecem. Noite, tudo se cerra.
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