![]() |
| Edmond Sacré, Crépuscule D’Hiver, 1903 |
Em todos os crepúsculos há um momento de revelação, a epifania de qualquer coisa que ultrapassa a medida comum, mas que o transcorrer do dia esconde. Só nessa hora de incerteza, quando a luz hesita entre a claridade e as trevas, o que estava oculto dança perante os olhos do espectador. A dança, porém, ao mostrar o que se oculta, estende um novo véu não sobre o olhar, mas sobre a razão. Os olhos vêem, mas o entendimento não compreende. A vontade trabalha, impele a consciência para a descoberta, mas a escuridão já caiu e tudo se perde nessa batalha do logos contra o mythos, da razão contra a imaginação. Se a noite é de Inverno, a lareira acolhe aquele que esteve prestes a compreender e dá-lhe, na inquietação das labaredas, um caminho para que a imaginação possa figurar, aquilo que, no crepúsculo, a visão observou, mas a inteligência não conseguiu aprisionar com as correntes do seu labor.

Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.