Francisco Lorenzo Tardón - Robot (1984)
O estranho caso do robô que matou um homem. Eis um título digno de um
romance policial de Earl Stanley Gardner. Segundo notícia do Público,
na fábrica da Volkswagen em Baunatal, na Alemanha, um robô esmagou contra uma placa
de metal o jovem operário que o estava a montar. Consta que a causa do acidente
foi um erro humano. Seja como for, este evento não deixa de ter um peso
simbólico devido aos intervenientes.
Não se trata de pensar uma possível revolta de máquinas, dotadas de
pensamento e vontade contra, o ser humano. Trata-se de uma outra coisa muito
mais insidiosa, pois é ao mesmo tempo visível e invisível. Os dispositivos
técnicos, onde se incluem artefactos simples, máquinas complexas ou robôs que
imitam o homem, são pensados e procurados como auxiliares do homem. E, no
entanto, eles trazem neles um estranho potencial de esmagamento da própria
humanidade.
O esmagamento do jovem operário da Volkswagem
é apenas um símbolo do esmagamento que todos os dispositivos técnicos podem
fazer ao homem. Desde as armas aos computadores, a técnica oferece um vasto
leque de opções que anulam o homem, matando-o, ferindo-o, substituindo-o nas
funções económicas, lançando-o no desemprego.
É esta capacidade de transformar o homem em coisa nenhuma que é
difícil de pensar, pois os dispositivos técnicos são constituídos por uma
ambiguidade central: são libertadores dos homens e, ao mesmo tempo, opressores.
Por norma, a humanidade tende a saudar cada novo invento técnico com uma
libertação do esforço e das necessidades físicas.
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