Marc Chagall - A Revolução (1937)
Há uma interessante entrevista de Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego e líder do Syriza, ao Guardian. O Público fez um breve resumo. O que me interessa são duas interrogações que, retoricamente, Tsipras faz: «Sair da Europa e ir para onde? Para outra galáxia?» Certamente que Tsipras não se está a referir ao continente europeu, mas à Europa política, à União Europeia. A chegada ao poder do Syriza na Grécia foi, na verdade, um momento inaugural. O que se inaugurou, porém, não foi uma alternativa à UE, nem o novo caminho para a revolução, mas a conversão da esquerda dita radical à realidade. Ainda houve um momento de hesitação, mas a intuição política de Tsipras percebeu que não havia nenhuma alternativa credível e sair do Euro e da União seria muito, muito mais gravoso para os gregos do que ficar. Despediu Varoufakis - um académico brilhante não tem de ser um político brilhante ou sequer suficiente - e deixou a realidade entrar no seu governo. Tsipras percebeu, ao chegar ao poder, os limites da ideologia. Não quis, para bem dos gregos, tornar a Grécia numa Venezuela europeia. Isto não significa que não haja alternativas no quadro político em que vivemos. Significa que, nas actuais circunstâncias (e a política implica sempre lidar com as circunstâncias em que se vive) as alternativas só existem num quadro geral partilhado por diversas opções políticas e dentro da União Europeia. Tsipras tem toda a razão. Quando se advogar que se deve sair do Euro e da União, a única resposta é: Para onde? Para outra galáxia?
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