quarta-feira, 12 de julho de 2017

Alma Pátria - 29: João Villaret - Cântico Negro (José Régio)



Hoje a Alma Pátria sai dos caminhos da canção e entra nos da declamação poética. A rádio in illo tempore passava poesia (hoje, penso que só a Antena 2 o faz). Recordo Villaret e também Manuel Lereno. João Villaret morre em 1961. Se olharmos para a capa do disco "João Villaret no São Luís" há qualquer coisa que é inconcebível. Em plena ditadura, um actor consegue encher um teatro apenas para ser ouvido a declamar poesia. Mais, esse mesmo actor tinha um programa semanal na RTP, de larga audiência, onde dizia os grandes poetas. Esse mundo acabou. Ainda David Mourão-Ferreira e Mário Viegas tiveram programas do género, mas tudo isso está definitivamente morto, no contexto cultural pós-moderno em que vivemos. A poesia tornou-se um assunto esotérico, onde os que escrevem se lêem uns aos outros, quando se lêem. No vídeo, um poema de José Régio, um poema que li muitas vezes e que ouvi também muitas vezes declamado pelo meu colega de escola e amigo Luís Filipe Pisco. Dizia-o bem, muito bem.

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