Hoje a Alma Pátria
sai dos caminhos da canção e entra nos da declamação poética. A rádio in illo tempore passava poesia (hoje,
penso que só a Antena 2 o faz). Recordo Villaret e também Manuel Lereno. João Villaret
morre em 1961. Se olharmos para a capa do disco "João Villaret no São Luís"
há qualquer coisa que é inconcebível. Em plena ditadura, um actor consegue encher
um teatro apenas para ser ouvido a declamar poesia. Mais, esse mesmo actor tinha
um programa semanal na RTP, de larga audiência, onde dizia os grandes poetas. Esse
mundo acabou. Ainda David Mourão-Ferreira e Mário Viegas tiveram programas do género,
mas tudo isso está definitivamente morto, no contexto cultural pós-moderno em que
vivemos. A poesia tornou-se um assunto esotérico, onde os que escrevem se lêem
uns aos outros, quando se lêem. No vídeo, um poema de José Régio, um poema que li
muitas vezes e que ouvi também muitas vezes declamado pelo meu colega de escola e amigo Luís Filipe Pisco. Dizia-o bem, muito bem.
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