A FAMÍLIA SOCIALISTA. O governo parece um lugar de convívio
de famílias amigas. Não bastava já haver um casal de ministros e um ministro
pai e uma ministra filha desse pai, agora a mulher de um outro ministro foi
nomeada chefe de gabinete do Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos
Parlamentares, cargo ocupado anteriormente pelo marido. É evidente que nada
disto é ilegal nem sequer configura, como já por aí vi escrito, um exemplo de
patrimonialismo weberiano. Trata-se apenas de falta de sensatez e de um
exercício de arrogância política de quem acha que as aparências não são
importantes. Os socialistas não têm emenda.
A DEMOCRACIA SEGUNDO
JERÓNIMO DE SOUSA. A entrevista de Jerónimo de Sousa ao Polígrafo chega a ser confrangedora. Não
apenas se refere a Maduro desvalorizando as acusações de fraude eleitoral, como,
quando lhe perguntam “Porque é que tem tanta dificuldade em admitir que não há
uma democracia na Coreia do Norte?”, responde: “O problema não é esse. O que é
a democracia? Primeiro tínhamos de discutir o que é a democracia”. Será preciso
discutir o que é a democracia para descobrir que a Coreia do Norte é uma
ditadura? Também os comunistas não têm emenda.
A TRANSFERÊNCIA DE
MESQUITA NUNES. Adolfo Mesquita Nunes era visto como uma das principais
promessas políticas não apenas do CDS como do arco da direita e centro-direita
e mesmo do país. Poderia vir a ser, quando o CDS se cansasse de Assunção
Cristas, um sucessor desta na liderança do partido. Inteligente, sensato e de
espírito liberal consolidado. A sua transferência para o mundo empresarial
aniquila-o, na prática, para encabeçar no futuro um projecto político em
Portugal. Não há no acto, claro, qualquer ilegalidade. Mesquita Nunes fez o que
a generalidade dos portugueses fazem. Foi tratar da vida.
TERRORISMO.
Escrevo poucas horas depois do ataque a um eléctrico na Holanda e ainda não há
confirmação oficial de que tenha sido um ataque terrorista, mas tudo leva a
crer que sim. Depois do ataque em duas mesquitas na Nova Zelândia, agora parece
ser a vez da retaliação contra eventuais cristãos. Uma coisa une supremacistas
brancos e fundamentalistas religiosos (sejam muçulmanos, cristãos ou hindus): o
prazer no terror e o ódio à convivência política pacífica entre pessoas com
crenças diferentes. Une-os também as respectivas utopias e a crença de que
podem chegar ao poder através do exercício da violência e do medo. Não vão
parar por aqui.
[A minha crónica no Jornal Torrejano]
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