Margaret Bourke-White, Scottish highlanders and Indian troops march past the Great Pyramid, 1940 |
À curiosidade aliara-se o medo. Sentado na base da Grande
Pirâmide, olhava para a paisagem inóspita e para os militares que marchavam. Sentia-me
perplexo e perdido no tempo. Havia demasiadas coisas que a razão não
compreendia, mas o que me atormentava eram as tropas. Não conseguia perceber
como, sendo múmias antiquíssimas, se apresentavam com aquelas fardas e,
maquinalmente, marchavam perante mim. Quando atingiam certo ponto da Pirâmide, entravam
nela. Passado tempo, surgiam no lugar oposto, o rosto embalsamado imóvel, o
corpo mecânico em passo militar, entregues, como Sísifo, a um destino imutável, a um eterno entrar e
sair da Pirâmide. A cada retorno dos soldados mortos-vivos o pânico
aumentava. Como fugi dali, ainda hoje não o sei.
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