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Ilse Bing, Self Portrait with a Mirrors, 1931 |
quarta-feira, 30 de junho de 2021
Simulacros e simulações (25)
segunda-feira, 28 de junho de 2021
Decepções
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Romeo Mancini, Apocalisse, 1964 |
sábado, 26 de junho de 2021
Nocturnos 63
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Walter Sanders, Hamburg Essay, 1951 |
quinta-feira, 24 de junho de 2021
A Garrafa Vazia 63
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Markus Luepertz, Abrigo I. Ditirámbico, 1972 |
terça-feira, 22 de junho de 2021
A persistência da memória (3)
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John Gutmann, Goodbye Berlin, 1933 |
domingo, 20 de junho de 2021
Descrições fenomenológicas 66. Paisagem industrial
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Gerardo Rueda, Bardala, 1961 |
sexta-feira, 18 de junho de 2021
A iniciativa da Iniciativa Liberal
Este episódio veio mostrar mais uma vez a realidade portuguesa. Não existe, efectivamente, um espírito liberal. Quando emergem grupos de pessoas, ou partidos, que se dizem liberais isso significa, quase sempre, uma inimizade aos direitos dos trabalhadores, à existência e papel dos sindicatos, ao Estado social, a tudo o que proteja os mais desfavorecidos e as frágeis classe médias nacionais, mesmo quando se propõe a substituição do Estado na protecção das pessoas pela iniciativa privada, com a inevitável busca de lucro e a pouca preocupação com a protecção. A defesa de um feroz liberalismo económico raramente é acompanhada por ardor idêntico na do liberalismo político. Este parece ser uma coisa que tem de se suportar, enquanto não houver uma melhor solução, ou enquanto essa solução não tenha força para se impor. Falar em liberais portugueses não passa de um equívoco.
Por outro lado, o episódio do tiro-ao-alvo, e a subsequente desvalorização, inscrevem-se numa estratégia que os sectores mais radicais estão apostados há muito. Destruir os laços de convivência cívica entre pessoas que pensam de modo diferente, substituir adversários políticos por inimigos políticos. Trespassar com dardos, mesmo num jogo de arraial, as figuras dos adversários é desencadear um ritual mágico onde se mata simbolicamente as pessoas alvo. É apelar ao fundo inconsciente e tenebroso que existe em cada um de nós, é dar-lhe possibilidade de se tornar público. Um espírito liberal, enraizado nos valores da razão e do Iluminismo, detestaria este tipo manipulação das forças tenebrosas existentes nos seres humanos. Isso, porém, pressupunha que em Portugal existisse um espírito liberal. Não há.
domingo, 13 de junho de 2021
Nocturnos 62
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Milton Greene, Marilyn Monroe “The Black sitting”, 1956 |
sexta-feira, 11 de junho de 2021
A Garrafa Vazia 62
quarta-feira, 9 de junho de 2021
Simulacros e simulações (24)
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Ho Fan, Pattern, 1956 |
segunda-feira, 7 de junho de 2021
O progresso moral da humanidade (2)
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John Gutmann, Artillery on Market Street, San Francisco, 1934 |
sábado, 5 de junho de 2021
Os ingleses, o PSD, o Brasil e a senhora Merkel
A zanga do PSD. Decorreu mais um congresso do Chega, um partido político dirigido por um candidato a pastor evangélico. Consta que o espectáculo não foi edificante. O mais notável foi a zanga do PSD. Durante os dias de congresso, o PSD e Rui Rio foram bombos da festa. Como quem não se sente não é filho de boa gente, o PSD sentiu-se, zangou-se e não foi ao encerramento do congresso. Ora, o PSD anda tão embevecido com a nova maravilha que ainda não notou que o grande inimigo do Chega é o próprio PSD. O partido de Ventura não tem qualquer capacidade para penetrar no eleitorado de esquerda. Como o CDS é uma sombra fantasmática do que foi, resta ao Chega tentar devorar o PSD, para liquidar a direita democrática. Costa ri seráfico, mas o riso de Costa é tão idiota quanto a normalização do Chega empreendida pelo PSD.
Talvez esteja a acordar. Refiro-me ao Brasil. Depois de terem eleito Bolsonaro, um político completamente impreparado e que vive num universo paralelo, dominado pelas mais extraordinárias fantasias, os brasileiros começam a perceber o preço da brincadeira. A gestão da pandemia é apenas o caso mais notório de um descalabro com consequências nacionais e internacionais, devido ao peso que o Brasil tem no mundo, bem como a floresta da Amazónia, uma das vítimas do bolsonarismo.
Um problema para a Europa. Em breve, Angela Merkel abandonará o cargo de Chanceler. De todos os políticos democráticos do mundo ocidental, ela é a mais consistente, a mais estruturada, mas também a mais humilde e sóbria. Ela é, por outro lado, um exemplo de líder que acredita nos valores democráticos. Nunca tergiversou sobre eles, nunca se aliou com o diabo – isto é, a extrema-direita – por uma questão de poder. Nunca abandonou os princípios, mesmo quando isso poderia ter consequências para o seu poder. Aqueles que acreditam na democracia liberal e no projecto europeu vão ter muitas saudades da senhora Merkel.
quinta-feira, 3 de junho de 2021
Baixos padrões
As palavras de Dominic Cummings sublinham outra questão. A governação deve estar a cargo de uma elite. Democrática, no seu acesso, mas uma elite. Quem governa deve pautar-se por elevados padrões, submeter-se a uma apertada disciplina e a uma grande exigência no cumprimento das suas tarefas de governação. Há ‘padrões que a população tem o direito de exigir do seu governo’. Isto parece ter sido esquecido tanto por governantes, como por governados. Generalizou-se a ideia de que a governação e os altos cargos do funcionalismo pertencem aos medíocres, desde que sejam hábeis manobradores dos eleitorados ou se acolitem sob o guarda-chuva de um manobrador eleito.
Uma leitura apressada poderá julgar que o problema terá a ver com o regime democrático. Haverá quem ache que um regime autoritário traria um mais alto padrão de elites governamentais. Na verdade, aquilo a que estamos a assistir é um problema que toca as democracias, mas não torna as soluções autoritárias melhores. O que se passa com a democracia e o crescimento dos baixões padrões de governação estará relacionado com o fenómeno da polarização política que se tem desenhado nas democracias ocidentais, devido ao crescimento do populismo de cariz autoritário. Os eleitores deixaram-se capturar por uma lógica tribal e avaliam as governações apenas pelo facto de serem ou não da sua tribo política. Tudo aos da sua tribo é perdoado, nenhum mérito, por maior que seja, é reconhecido a políticos provenientes da tribo inimiga. O resultado, para além da crescente tensão, é o da proliferação da mediocridade e os baixos padrões que os governantes têm a oferecer às suas populações. Nas situações de catástrofe, tudo isso se torna dolorosamente visível.