Alfred Stieglitz, A wet day on the boulevard - Paris, 1897 |
O passado por vezes visita-nos em modo de assombração, como se um mal ocorrido há muito ainda não tivesse sido expiado. Outras, porém, chega até nós com um sorriso tingido de uma leve melancolia e uma perfeição que nos faz querer viajar no tempo e visitar esses dias que foram relegados para um desvão no grande edifício da memória colectiva. Passear, mesmo em dia de chuva, num grande boulevard parisiense, nesses anos finais do século XIX, nos quais o engenho do homem e o poder da indústria não tinham enchido a terra de automóveis, seria um acto de suprema civilização. Ali a vida fervilhava cheia de promessas, uma vida tão perfeita na imaginação que agora a recorda, que o coração a contempla rasgado pela saudade daquilo que nunca viveu.
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