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Anónimo Romano, Escena de gineceo (Villa Imperial. Pompeya) |
Os antigos eram jovens, e nós,
disse Bacon num lúcido momento,
somos velhos, embrulhados em
constante movimento. (...)
António Franco Alexandre
Talvez os antigos não tivessem pressa de sair da sua juventude ou não encontrassem um modo para libertar o corpo das amarras com que a natureza os prendia à terra. A lucidez de Bacon, todavia, não é tanta quanto o poeta supõe. Sim, estamos embrulhados em constante movimento. Não conseguimos estar onde estamos, pois qualquer lugar se tornou uma fornalha que queima os incautos que pretendam repousar-se. Vivemos sob o signo do fogo, submetidos à dádiva de Prometeu, que nos condenou a um movimento perpétuo. Onde Bacon se engana é na nossa velhice. Não somos mais velhos que os antigos. Pelo contrário, somos, ao pé deles, crianças irrequietas a brincar com o lume. É o nosso estado infantil que nos embrulha nesse movimento constante e nos impede de descansar, por instantes, na frescura da noite.
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