Francis Bacon - Cabeza III (1961)
António Guerreiro, no Público (vale a pena ler o artigo), cita um especialista americano no mundo digital que escrevia, há tempos, na revista The Atlantic o seguinte: "Quantos comentários devo eu ler, na Internet, para perder a fé na humanidade? Muitas vezes, a resposta é: um comentário". O interessante de tudo isto é que o universo digital é uma consequência do projecto da modernidade e, ao mesmo tempo, o exemplo da negatividade que habita esse projecto. O projecto da modernidade só foi possível pelo advento do humanismo, no Renascimento, e na substituição, no centro das atenções humanas, de Deus pelo Homem.
O incensar da humanidade não parou de crescer desde o XVII até hoje, apesar dos contínuos desmentidos trazido pelo Terror na Revolução Francesa, pelas condições de trabalho a que a Revolução Industrial sujeitou os trabalhadores, os campos de concentração nazis ou soviéticos. A Internet tem o condão de iluminar essa humanidade, de a mostrar sem edulcoração, a sua natureza . Hoje em dia já nem vale a pena ler os velhos reaccionários como Joseph de Maistre para perceber de que material é feito a humanidade. Basta olhar para as redes sociais e para as caixas de comentários dos jornais e revistas. O anonimato - e às vezes já nem isso é necessário - permite perceber o que está dentro dessa humanidade tão incensada ao longo dos último séculos.
A crueldade que vimos na acção do Estado Islâmico está ali ao virar da esquina, por agora na ponta dos dedos. Precisa apenas que se sinta à vontade para se mostrar na rua. Não é apenas o sonho de uma esfera pública civilizada (burguesa), de debate e de procura da verdade que se mostra uma ilusão. A democratização da palavra e a extensão das decisões democráticas para além da esfera estrita da representação, esses sonhos utópicos, mostram-se já como uma ameaça à vida civilizada. Durante anos, as críticas liberais a Platão, o pai de todos os totalitarismos, no dizer de muitos liberais, pareciam fazer sentido. Hoje, porém, vale a pena voltar a Platão e à sua crítica à democracia grega. Ele terá alguma coisa a dizer aos nossos dias.
O incensar da humanidade não parou de crescer desde o XVII até hoje, apesar dos contínuos desmentidos trazido pelo Terror na Revolução Francesa, pelas condições de trabalho a que a Revolução Industrial sujeitou os trabalhadores, os campos de concentração nazis ou soviéticos. A Internet tem o condão de iluminar essa humanidade, de a mostrar sem edulcoração, a sua natureza . Hoje em dia já nem vale a pena ler os velhos reaccionários como Joseph de Maistre para perceber de que material é feito a humanidade. Basta olhar para as redes sociais e para as caixas de comentários dos jornais e revistas. O anonimato - e às vezes já nem isso é necessário - permite perceber o que está dentro dessa humanidade tão incensada ao longo dos último séculos.
A crueldade que vimos na acção do Estado Islâmico está ali ao virar da esquina, por agora na ponta dos dedos. Precisa apenas que se sinta à vontade para se mostrar na rua. Não é apenas o sonho de uma esfera pública civilizada (burguesa), de debate e de procura da verdade que se mostra uma ilusão. A democratização da palavra e a extensão das decisões democráticas para além da esfera estrita da representação, esses sonhos utópicos, mostram-se já como uma ameaça à vida civilizada. Durante anos, as críticas liberais a Platão, o pai de todos os totalitarismos, no dizer de muitos liberais, pareciam fazer sentido. Hoje, porém, vale a pena voltar a Platão e à sua crítica à democracia grega. Ele terá alguma coisa a dizer aos nossos dias.
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