Jean Dieuzaide, Mercado, Santiago de Compostela, Spain, 1961
Um rumor anónimo perpassa pelas ruas. Compra-se e vende-se, trocam-se palavras, promessas, um cumprimento de ocasião, enquanto a chuva desliza dos céus e sorrateira se entranha nas vestes ou na terra que espreita pelo empedrado do chão. A água tamborila nos guarda-chuvas e a vida rufa, secreta e atormentada, entre cestos de legumes e sacos de batata. Não é preciso estar no oceano para naufragar, alguém sussurra, mas logo o vozear cobre as palavras, que o vento leva para a floresta do esquecimento.
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