AS SONDAGENS E AS
FAMÍLIAS. As sondagens reflectem já o desgaste que os socialistas estão a sofrer
devido à trapalhada em que se meteram com as ligações familiares na governação.
Pode-se pensar que se nos tempos de Cavaco as coisas chegaram onde chegaram
(num dos governos foram nomeadas para cargos mulheres de onze ministros, para
além de outras ligações familiares), hoje em dia uma situação mais benigna
também não teria consequências políticas. Os tempos, porém, mudaram. A
indisposição dos portugueses com os políticos, as redes sociais e o facto do
governo ser de esquerda. Os socialistas são exímios em fornecerem casos a uma
direita destituída de causas e de políticas. As sondagens são o espelho dessa
generosidade.
A INICIATIVA DE
MARCELO. A iniciativa do Presidente da República ao propor uma lei sobre as
incompatibilidades do Presidente – na sequência das relações familiares no
governo – torna claro que o actual PR tem interesses políticos muito para além dos
afectos e das selfies. Ultrapassando
os limites que a Constituição impõe, Marcelo tenta condicionar a opinião
pública relativamente ao governo e à maioria de esquerda. O PR, no âmbito da
Constituição Portuguesa, não é um juiz, mas um actor político e Rebelo de
Sousa, desde o primeiro momento, assumiu essa sua condição. Parece não lhe
faltar vontade nem criatividade para dar um cunho presidencialista a um regime semipresidencial.
RATZINGER E OS ANOS
SESSENTA. Na recente intervenção de Bento XVI sobre os problemas da
pedofilia que assombram a Igreja Católica, o Papa emérito referiu a cultura
desenvolvida nos anos 60 como culpada pelo afrouxamento dos padrões morais. Isso
teria conduzido à autêntica pandemia de abusos sexuais que têm vindo a ser
descobertos. As reacções de indignação não se fizeram esperar contra a abusiva
ligação entre os dois fenómenos. O que me interessa salientar, porém, é outra
coisa: a incapacidade existente, entre detractores e defensores, para avaliar
as consequências morais da revolução dos costumes dos anos 60, que começaram com
a autorização do uso da pílula e acabaram com as revoltas estudantis de 68 e o
Festival de Woodstock, de 1969.
NOTRE-DAME DE PARIS.
Escrevo enquanto arde a catedral de Notre-Dame de Paris. Num momento como este
torna-se claro que há qualquer coisa que une os europeus. Antes da política e
das peripécias por que passa a União Europeia, e apesar das rivalidades que sempre existiram
entre eles, há um substrato cultural e civilizacional em que todos se reconhecem.
Está a arder perante os nossos olhos uma parte da alma europeia.
Lido com o interesse habitual.
ResponderEliminarUm abraço
Obrigado.
EliminarAbraço