Toni Scheiders, Waiting Woman, Ingolstadt, February, 1951
Entrei na carruagem e sentei-me num dos poucos lugares vazios. Ao meu lado, absorta, a mulher olhava através do vidro batido pela chuva. Não lhe conseguia ver o rosto. Ela estava imóvel, os olhos inclinados para o que se passava na rua, talvez presos aos carris. Permaneceu assim enquanto o comboio esteve parado. A viagem recomeçou, mas a sua imobilidade manteve-se. Uma ameaça velada parecia tomar conta da carruagem. Quando ela se voltou e poisou os seus olhos nos meus, reconheci-a e, de imediato, me levantei e comecei a correr pela carruagem. Era a mulher que conhecia o meu destino. Acordei ao ouvir o apito. Ao meu lado não havia ninguém, e lá fora apenas a campina monótona cortada pelo silvar ameaçador do comboio.
Muito bom, como sempre.
ResponderEliminarUm abraço
Muito obrigado.
EliminarAbraço