sábado, 6 de abril de 2019

Villa Cardillio 17. Cânticos

Vila Cardílio

17. Cânticos

Cânticos descem nas ervas trazidas
pela dolência de água do Inverno.
No pórtico, um leito de poeira,
lápides, colunas, a luz do abandono.

Curvados à penumbra do cansaço,
os pássaros do crepúsculo cantam.
São deuses movidos pelo ondular
de cinza, pela cintilação da morte.

Silêncio. O tempo sangra a terra.
Os teus olhos, Avita, entoam canções
de âmbar quando a sombra te dói
e o rouxinol poisa furtivo na ruína.

1979

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