ELEIÇÕES
LEGISLATIVAS. Ainda há que passar pelas eleições para o Parlamento Europeu,
mas o acto político decisivo só chega com as legislativas. Aquilo que até aqui
parecia inevitável, uma vitória com maioria relativa do PS e uma derrota da
direita, não estará completamente seguro. Os casos da multiplicação de relações
familiares na esfera do governo têm um poder de desgaste maior do que parecia à
partida. E esse desgaste já não se apaga na opinião pública, por mais eficaz
que politicamente possa ser a medida dos passes sociais. Um outro factor
importante é o Verão. Qualquer tragédia na área dos fogos poderá ter
implicações eleitorais desagradáveis para os socialistas. As eleições ainda
estão em aberto.
OS OBJECTIVOS DE RUI
RIO. Parte substancial da direita não gosta de Rui Rio. Não será um condottiero exaltante que galvanize o
povo e dirija uma fronda contra o governo. Também não se apresenta, como
acontecia com Passos Coelho, com o pathos
do ressentimento por ter sido arredado do poder por uma coligação inédita das
esquerdas. Parece ter objectivos mínimos quando diz que o fundamental é afastar
o PCP e o BE da área da governação, para lançar um projecto de desenvolvimento
do país. No entanto, a sua maneira discreta de fazer política levou-o a
presidente da câmara do Porto contra todas as expectativas. Um bom resultado do
PSD nas euwopeiase alguma sorte podem lançar Rio para voos que não se
imaginavam.
REFUNDAÇÕES DA
DIREITA. O deputado do PSD Miguel Morgado criou o Movimento 5.7 para unir a
direita e libertar o país daquilo que ele chama o longo inverno socialista.
Presumo que nessa longa invernia se incluam os governos onde o seu partido – só
ou na companhia do CDS-PP – governaram o país. Esta exaltação liberal tem razão
numa coisa. Do CDS ao PCP, estamos perante variações discretas da
social-democracia. Não ocorre aos refundadores que isso acontece porque a
generalidade das pessoas são demasiado pobres para que se lhes ofereça um
liberalismo puro e duro.
AS ELEIÇÕES TURCAS.
Escrevo quando ainda não são conhecidos completamente os resultados das
eleições na Turquia, mas independentemente dos resultados, parece haver um
forte crescimento da oposição secular a Erdogan e ao seu Partido da Justiça e
Desenvolvimento. Isto sublinha que a questão religiosa foi fundamental na
Turquia enquanto a economia turca estava de boa saúde. Agora que uma grave
crise económica atinge o país, o poder de Erdogan começa a abanar. Os regimes
de pendor religioso suportam as crises económicas desde que a democracia esteja
completamente suprimida. Caso contrário, os eleitores acabam por encontrar
novos caminhos.
[A minha crónica no Jornal Torrejano]
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