domingo, 7 de abril de 2019

Legislativas, Rui Rio, Refundações e Turquia


ELEIÇÕES LEGISLATIVAS. Ainda há que passar pelas eleições para o Parlamento Europeu, mas o acto político decisivo só chega com as legislativas. Aquilo que até aqui parecia inevitável, uma vitória com maioria relativa do PS e uma derrota da direita, não estará completamente seguro. Os casos da multiplicação de relações familiares na esfera do governo têm um poder de desgaste maior do que parecia à partida. E esse desgaste já não se apaga na opinião pública, por mais eficaz que politicamente possa ser a medida dos passes sociais. Um outro factor importante é o Verão. Qualquer tragédia na área dos fogos poderá ter implicações eleitorais desagradáveis para os socialistas. As eleições ainda estão em aberto.

OS OBJECTIVOS DE RUI RIO. Parte substancial da direita não gosta de Rui Rio. Não será um condottiero exaltante que galvanize o povo e dirija uma fronda contra o governo. Também não se apresenta, como acontecia com Passos Coelho, com o pathos do ressentimento por ter sido arredado do poder por uma coligação inédita das esquerdas. Parece ter objectivos mínimos quando diz que o fundamental é afastar o PCP e o BE da área da governação, para lançar um projecto de desenvolvimento do país. No entanto, a sua maneira discreta de fazer política levou-o a presidente da câmara do Porto contra todas as expectativas. Um bom resultado do PSD nas euwopeiase alguma sorte podem lançar Rio para voos que não se imaginavam.

REFUNDAÇÕES DA DIREITA. O deputado do PSD Miguel Morgado criou o Movimento 5.7 para unir a direita e libertar o país daquilo que ele chama o longo inverno socialista. Presumo que nessa longa invernia se incluam os governos onde o seu partido – só ou na companhia do CDS-PP – governaram o país. Esta exaltação liberal tem razão numa coisa. Do CDS ao PCP, estamos perante variações discretas da social-democracia. Não ocorre aos refundadores que isso acontece porque a generalidade das pessoas são demasiado pobres para que se lhes ofereça um liberalismo puro e duro.

AS ELEIÇÕES TURCAS. Escrevo quando ainda não são conhecidos completamente os resultados das eleições na Turquia, mas independentemente dos resultados, parece haver um forte crescimento da oposição secular a Erdogan e ao seu Partido da Justiça e Desenvolvimento. Isto sublinha que a questão religiosa foi fundamental na Turquia enquanto a economia turca estava de boa saúde. Agora que uma grave crise económica atinge o país, o poder de Erdogan começa a abanar. Os regimes de pendor religioso suportam as crises económicas desde que a democracia esteja completamente suprimida. Caso contrário, os eleitores acabam por encontrar novos caminhos.

[A minha crónica no Jornal Torrejano]

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