sábado, 28 de dezembro de 2019

Dos milagres em educação

Pablo Picasso, Head of the Medical Student, 1907

Fiquei espantado, mas há pouco descobri que nos colégios católicos não se acredita em milagres. Estive a ler a ficha de avaliação de uma aluna dum desses colégios e, para espanto meu, a única coisa em que acreditam é que ela deve trabalhar mais, ser mais organizada, dedicar-se mais. Portanto, se os alunos nesses colégios quiserem ter boas avaliações a única coisa a fazer é esforçarem-se e não esperar pela intervenção graciosa do Espírito Santo. Uma ficha daquelas no ensino público gerava uma revolta parental. Nos colégios privados – bons, pois também há dos outros – os pais pagam e não protestam, não culpam os professores por aquilo que os filhos não fazem. Num colégio privado diz-se aquilo que o aluno tem de fazer, na escola pública – onde, apesar de ser laica, se acredita muito em milagres – aquilo que se indica é o que os professores têm de fazer para que os alunos cheguem ao sucesso, mesmo que estes não queiram fazer absolutamente nada. Quanto a milagres estamos conversados. Os católicos, quando se trata de educação, não acreditam neles, mas os republicanos laicos e socialistas vivem num mundo povoado de milagres.

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