Zao Wou-Ki, 10-2-76 |
O
tempo em que voltavas com os teus mostruários,
pequenos
faróis vermelhos, ébrios de tanto caminhar.
Sonolentas
bicicletas iam e vinham, cerziam a aldeia
de
lés-a-lés, como se um deus infrutífero descesse e
poisasse
insensato na calma placidez dos dias.
Aqui,
destas janelas, avistei o insuspeitado mundo
e
nada era puro ou mácula alguma habitava
o
regaço das mulheres. As coisas eram o enorme
incêndio
de serem apenas coisas, pedaços terríveis
na
sujeição ao tempo, o feroz tribunal sem lei.
Eras
a presença tutelar, o meu respeito,
caminho
de argila e calcário a abrir-me ao mundo.
Trazias-me
as cores e um dever ser, o crime jamais
alguém
o pagará. Pedra a pedra o universo cresceu e
sobre
mim desabou. Nele um deus infrutífero nascia.
(1981)
Muito bom.
ResponderEliminarAbraço
Muito obrigado.
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