Na segunda-feira passada, o Presidente da República fez uma
intervenção na televisão sobre a vandalização da estátua do Padre António
Vieira. Chamou a atenção para que nenhum dos verdadeiros problemas da pobreza,
da discriminação e do racismo se resolve com estas acções. É verdade, mas este
tipo de acções, por idiotas que sejam, tem o poder de revelar o conflito
político central dos nossos dias. Este não é entre a direita e a esquerda,
entre adeptos do mercado e adeptos do estado ou entre identitários e
cosmopolitas, mas aquele que opõe radicais e moderados.
Este conflito é decisivo para o destino da vida civilizada.
Circunstâncias múltiplas abriram caminho para o crescimento de programas e
práticas políticas radicais. O que significa essa radicalização em termos
práticos? De forma crua e simples, significa o desejo de aniquilamento do
outro, a afirmação que ele não tem lugar na comunidade e que deve ser suprimido.
Dito de outra forma, os radicais desejam a guerra civil. Esta emerge quando os
adversários políticos se transformam em inimigos. Estaremos à beira da guerra
civil? Em Portugal e nos países da nossa área política, a resposta é não.
Contudo, o crescimento de alternativas políticas populistas e o desaparecimento
do respeito por aqueles que pensam de maneira diferente são sintomas da doença
e esses existem mesmo em Portugal. Há gente a semear ódio e a tentar incendiar
o clima político do país.
O mais importante, no actual momento político, nacional e
internacional, é que os moderados de todas as causas se façam ouvir, ganhem
espaço público, conquistem terreno, para que possam estender a mão aos seus
adversários, para que evitem que se entre na lógico do amigo e do inimigo. Ser
moderado não significa não ter convicções. Significa apenas que se reconhece
que as convicções humanas são falíveis e que ao lado das nossas razões haverá
outras que merecem ser escutadas e debatidas. Significa que os homens não devem
ser mortos ou espancados por causa das ideias que defendem.
A democracia fornece um dispositivo para decidir, a cada
momento, quais as ideias que devem governar, mas ela só pode existir se, para
além das eleições, os moderados, da esquerda e da direita, forem largamente
maioritários. Quando a democracia se entrega nas mãos de radicais, as paixões
exacerbadas destes e a violência acabarão por destruí-la. A questão que nos
devemos colocar, à esquerda e à direita, é se gostaríamos de ver Portugal e a
Europa transformados em Venezuelas ou em Brasis, para dar exemplos de
radicalismos de cores diferentes.
Muito bem, e acrescentaria a fortaleza suficiente para não se tornarem um saco de pancada dos intolerantes, porque, caso contrário, estes ganham sempre.
ResponderEliminarClaro, é necessário convicção, força e estar atento.
EliminarÉ importante estar atento aos ditos moderados que escondem um extremismo reles pronto a radicalizar-se.
ResponderEliminarUm abraço
Essa é uma possibilidade que não é de descartar. Muitas vezes a ocasião faz o ladrão.
EliminarAbraço