Giorgio Chirico, Sol naciente sobre la plaza, 1971 |
Quando se tem uma idade já considerável é mais difícil
embarcar no discurso de que derrubar estátuas é um atentado contra a História.
Construir e derrubar estátuas fazem parte da dança da História, de uma dança
que enquanto existirem seres humanos não terá fim. O que irrita aqueles que se
irritam com o derrube de estátuas não é que se profane a História mas que se
esteja a fazer a História, a servir a História, será mais preciso. Os que hoje
se irritam com o derrube de estátuas de um escravocrata aplaudiram a queda das
estátuas que celebravam os heróis do comunismo. Aquilo que os derrubadores actuais
não vêem é que eles não são em nada diferentes daqueles que erguem estátuas.
Todos eles simples marionetas de uma realidade que lhes foge do controlo, de
uma divindade cujos humores e decretos escapam aos desígnios humanos. Não há
estátua que não seja ominosa para alguém. Não há estátua que não seja prova de
glória para alguém. O que hoje a História decreta como digno de glória, será
amanhã apontado por essa mesma História como merecedor de repulsa. Não é que os
valores que presidem aos diferentes erguer e derrubar de estátuas se equivalham
moralmente. Não equivalem, mas seria um equívoco pensar que certos derrubes ou
certos ergueres de estátuas indiquem o lugar para onde a História corre. Uma
coisa que se aprende com o tempo é que História não tem um destino marcado
mesmo moral para onde se dirigir. Como o espírito, ela sopra para onde lhe
apetece, volúvel, caprichosa, fazendo das paixões humanas o instrumento da sua
diversão.
São assim os contrastes da vida. Hoje sol, amanhã chuva. Hoje agrada, amanhã repulsa. Sempre assim foi, é, e sempre assim será
ResponderEliminarCumprimentos poéticos.
Bom fim de semana
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
EliminarCumprimentos e bom fim-de-semana
O duplo padrão moral também na estatuária.
ResponderEliminarUm abraço
Talvez a duplicidade seja a norma e contra isso pouco haja a fazer, por mais que se procure um padrão universal.
EliminarAbraço