Andreas Feininger, Bat Flight, 1952 |
De súbito, o céu escureceu e, misturados com o repicar
dos sinos, ouviam-se gritos lancinantes. Perdido num sítio desconhecido, num
lugar que não conseguia compreender, sentia uma dor profunda sempre que ouvia
aquilo que supunha ser a expressão de dor de alguém. O troar do bronze
lançava-me, porém, num mundo de melancolia, onde os dias de infância iam e
vinham a cada badalada. O corpo rasgava-se e o espírito cindia-se. As luzes do
céu apagaram-se cobertas por uma grande praga de morcegos. Era nítido o rugir
das suas asas. O mundo está a acabar, pensei. Senti, então, tristeza e revolta.
Adormecera e acordava em aflição. Não havia morcegos, nem gritos, apenas o ano se
despedia mergulhado no silêncio das badaladas na torre da igreja.
Muito bom.
ResponderEliminarUm abraço
Obrigado.
EliminarAbraço