segunda-feira, 10 de outubro de 2022

O progresso moral da humanidade (8)

Margaret Bourke-White, Polish concentration camp survivor weeping near charred corpse of a friend,
burned to death by flamethrowers while trying to escape. Leipzig, Germany,
1945

Podemos pensar que a guerra, por fim, acaba por justificar tudo, mesmo as mortes inúteis que já não contribuem para evitar uma derrota ou assegurar uma vitória. É, contudo, nesse acto inútil para o desenrolar dos acontecimentos que se revela o quão frágeis são os princípios morais que, no quotidiano pacífico, parecem orientar as decisões e os actos dos homens. Nesse momento, não se mata um inimigo, mas alguém que é apenas um ser humano, com o qual não há qualquer diferendo, a não ser o simples facto de ele existir e estar ali ao alcance da impiedade de alguém. Quando o sentimento de piedade para com o outro deixa de existir,  pouco se poderá esperar da moralidade para instituir um resquício de vida boa no mundo.

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