quarta-feira, 12 de outubro de 2022

A persistência da memória (17)

Autor desconhecido, Zeppelin airship LZ126, 1924

Elevar-se por dentro de nevoeiro é entrar no território lunar da memória. Quanto mais se sobe, mais densa é a sombra, mais vivas e mais falsas as recordações. Quando se recorre aos testemunhos, como se fossem uma muralha contra os poderes da falsificação, esquece-se que cada atestação é um campo minada por declarações delirantes. Houve quem pensasse que a reminiscência era o caminho para a luz,  como se recordar não fosse o ofício mais eficaz para transformar sombras em sombra, ficção em ficção.
 

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