Vamos sair de 2023 num cenário péssimo, mas o que se prefigura para 2024 é pior. A nível interno, as novas eleições têm grande possibilidade de trazer instabilidade política, com um governo centrado no PSD, mas submetido aos delíquios da Iniciativa Liberal e à berraria justicialista do Chega. Será muito difícil que uma geringonça de direita seja tão inócua para o regime como foi a de esquerda. A haver uma geringonça de direita, dificilmente a postura equilibrada do PSD, resultante de um jogo entre a sua tradição liberal-conservadora e a sua pretensão social-democrata, o que seria uma boa resposta para a actual situação, terá qualquer possibilidade de ser mantida. Tanto a IL como o Chega são partidos maximalistas, que querem subverter o regime, embora com perspectivas diferentes. Caso mantenham as posturas ideológicas actuais, serão fonte de grande instabilidade ou acabarão por subjugar o PSD aos seus devaneios ideológicos.
O pior, todavia, pode nem chegar de Portugal. Não é impossível que a
situação do Médio Oriente se deteriore e o conflito, ainda contido em Gaza,
possa alastrar de forma consistente para outras zonas. No entanto, será dos EUA
que poderão vir as piores notícias, com a eleição de Donald Trump. Nesse
momento, não apenas a Ucrânia terá poucas hipóteses de vencer a guerra, como
corre o risco de desaparecer como país independente. A Aliança Atlântica poderá
entrar em colapso e a Europa ficará completamente desprotegida e sem capacidade
de enfrentar os perigos a que a exporá a desarticulação da NATO. A isto deve
somar-se o fim da crença de que as guerras para conquista territorial eram
coisa do passado ou de países atrasados. Não será inverosímil ver eclodir
conflitos que, em contradição com o direito internacional, tenham por objectivo
conquistar território e submeter povos ao jugo de outros. 2024 é o ano de todos
os perigos.
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