Charles M. Russell, Roping a Wolf, 1904 |
O estatuto de conservação do lobo vai sofrer, na União Europeia, uma diminuição de grau. Vai passar de espécie estritamente protegida para espécie protegida. Cai o estritamente. Isto acontece, segundo notícia do Público, por influência do lobby agrícola. No comunicado da associação que representa os agricultores de diversos países, incluindo Portugal, lê-se: Chegou a altura de introduzir as alterações correctas para garantir que esta população (a dos lobos) seja gerida. A afirmação, com outras, faz parte da retórica usada no conflito com as associações ambientalistas. Contudo, é mais do que isso, pois esse conflito entre agricultores e ambientalistas assenta numa visão também ela conflitual da Terra.
Tendencialmente, os ambientalistas, ou parte deles, vêem as espécies num jogo de equilíbrios e de harmonização na ocupação da Terra, onde a humana não terá qualquer prerrogativa. O animal racional é um animal entre outros e deve cingir-se a esse estatuto. Ora, A ideia de gestão introduzida no comunicado do lobby agrícola diz-nos uma outra coisa. O homem é o gestor da Terra. Deve geri-la segundo os interesses do accionista - isto é, do próprio homem - e todas as espécies devem estar sob estrita gestão do homem. É a própria razão que impele o homem ao domínio gestionário da Terra, numa racionalização de recursos, segundo os seus interesses. Imaginar que a espécie humana, em algum momento, vai abdicar desta sua vantagem competitiva em relação às outras espécies é enganar-se acerca de quem é o homem.
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