quarta-feira, 11 de setembro de 2024

O culto da insurgência

Imagem obtida por recuso ao ChatGPT

Em artigo, no Público, de comentário ao debate entre Kamala Harris e Donald Trump, Francisco Mendes da Silva propõe um expressivo título: Harris pareceu presidente; mas Trump permaneceu insurgente. O título é interessante não tanto por Kamala Harris, mas porque toca numa questão central da vida política em muitos países do chamado bloco ocidental e democrático. 

A direita conservadora e anti-revolucionária está a transformar-se numa direita cada vez menos apostada na defesa do Estado de direito e das instituições democráticas, e mais apostada na insurgência, criando uma mitologia romântica de declínio dos valores tradicionais e de libertação dos oprimidos pela liberdade. 

A liberdade é sentida como uma ameaça, pois ela impede esses grupos de imporem as suas crenças e regras de vida aos que não crêem nelas. E essa impossibilidade  de controlar vida e crenças de outros é emocionalmente sentida como uma opressão insuportável. Daí a retórica da libertação e uma cultura de insurgência, sempre disposta a desestruturar as instituições da liberdade.

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