segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Poemas para uma Terra Interior (iii)

Mário de Oliveira, Terras de Tabernas, 1967 (Gulbenkian)

A terra, uma frutuosa ermida,

erigida na secura dos mundos.

Os grãos de poeira são vento,

água na pia baptismal da vida.

 

Suspira Setembro pela chuva.

O mar subterrâneo inunda de luz

o centro vazio, cavernas vivas,

a constelação desfolhada do fogo.

 

No interior dos dias, cavalgam

bravios cavalos presos na noite,

vergados ao peso da ardósia.

 

Rochas brancas, cinzas vermelhas,

bandeiras arvoradas nas trevas,

o luto vivo no coração da terra.

 

1993

[Conjunto de três poemas pertencentes à série Cânticos da Terra Amarela]

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