Salvador Tuset, Alquería del Pí, 1937 |
Urge
quebrar a planície
pela
linha cintilante,
pelo
remo amarelo
mergulhado
na volúpia,
o
esplêndido fulgor
da
seda branca, cerzida
no
ciciar leve das ervas,
o
destino de Março.
Um
campo, um coração
de
frutos azedos, sábio
como
as raparigas sós,
presas
nas tardes antigas,
no
cansaço repartido
entre
serões indolentes,
o
suor frio entre pernas,
o
esmalte do silêncio.
Conquistava
um mar
de
figueiras, erva rala
pulsando
no coração,
na
viagem esperada
ao
litoral esquecido,
à
embarcação moldada
no
pó desfeito, nas pedras
vermelhas
da amargura.
Uma
doença, o lamento
na
labareda da noite,
na
crueldade cinzenta,
no
muro incendiado
pelo
nome do restolho.
A
letra verde na face,
a
chuva de Julho,
o
sol e a sombra da voz.
A
planície de palavras
é
uma janela de água,
aberta,
vagarosa,
debruçada
no relâmpago
exausto
pela lavoura
escassa
do sentimento.
Exaltado,
o fruto declina
no
sumo o fragor da vida.
1993
[Conjunto de três poemas pertencentes à série Cânticos da Terra Amarela]
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