Há, contudo, um problema ligado à integração daqueles que provêem de culturas estranhas ao mundo europeu, mesmo que falem português. Uma integração deficiente, como aconteceu em diversos países europeus, vai originar na segunda geração um problema de difícil resolução. A generalidade dos imigrantes económicos vem à procura de uma vida melhor para si e para os filhos. Não procuram problemas. Os portugueses sabem muito bem o que é isso. Ora, se os filhos não se integrarem, se sentirem diante deles um futuro sem esperança, podemos ter a certeza de que haverá problemas. A questão decisiva joga-se no processo de escolarização das crianças e jovens filhos de imigrantes. Um artigo do Público, noticiava que os filhos de pais estrangeiros reprovam três vezes mais do que os filhos de pais portugueses. E isto é um problema político de primeira grandeza.
Se os filhos dos
imigrantes não encontrarem na escola portuguesa um caminho para uma vida
realizada, se forem confinados a guetos tanto nas instituições escolares como
na sociedade, então teremos no futuro problemas muito desagradáveis. As
culturas de origem serão valorizadas e a nossa odiada como opressora, tal como
acontece noutros países europeus. As direcções escolares e os professores
precisam de ter uma consciência aguda do problema, mas isso não basta. É
necessário que o Ministério de Educação aja em conformidade. O actual ministro,
cuja acção tenho apreciado pela sua sensatez (até que enfim, alguém sensato),
parece ter consciência do problema. Terá, porém, de tomar medidas substantivas de
apoio e de avaliação do processo de integração. Sem amadorismo. Mas isso não
basta. É necessário que os Municípios sejam também envolvidos no processo. São
parte interessada. Na escola joga-se hoje a segurança e a paz públicas da
comunidade de amanhã.
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