quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Imigração e escolaridade


Quando as pessoas, a reboque da demagogia irresponsável da extrema-direita, colocam o problema da imigração como um perigo para Portugal estão a entrar num caminho muito perigoso. Fechar as portas à imigração, para contentar os grupos extremistas, conduzirá a um problema dramático para a economia portuguesa e para a segurança social. As empresas precisam de trabalhadores que não encontram no país. Sem eles, não há geração de riqueza. Por outro lado, a segurança social, com o apoio a desempregados e doentes, também será posta em causa por falta de dinheiro que deveria provir de impostos sobre lucros e rendimentos do trabalho. Por fim, as próprias pensões de reforma estarão em perigo. As pensões futuras dependem em parte, cada vez mais significativa, dos descontos dos imigrantes.

Há, contudo, um problema ligado à integração daqueles que provêem de culturas estranhas ao mundo europeu, mesmo que falem português. Uma integração deficiente, como aconteceu em diversos países europeus, vai originar na segunda geração um problema de difícil resolução. A generalidade dos imigrantes económicos vem à procura de uma vida melhor para si e para os filhos. Não procuram problemas. Os portugueses sabem muito bem o que é isso. Ora, se os filhos não se integrarem, se sentirem diante deles um futuro sem esperança, podemos ter a certeza de que haverá problemas. A questão decisiva joga-se no processo de escolarização das crianças e jovens filhos de imigrantes. Um artigo do Público, noticiava que os filhos de pais estrangeiros reprovam três vezes mais do que os filhos de pais portugueses. E isto é um problema político de primeira grandeza.

Se os filhos dos imigrantes não encontrarem na escola portuguesa um caminho para uma vida realizada, se forem confinados a guetos tanto nas instituições escolares como na sociedade, então teremos no futuro problemas muito desagradáveis. As culturas de origem serão valorizadas e a nossa odiada como opressora, tal como acontece noutros países europeus. As direcções escolares e os professores precisam de ter uma consciência aguda do problema, mas isso não basta. É necessário que o Ministério de Educação aja em conformidade. O actual ministro, cuja acção tenho apreciado pela sua sensatez (até que enfim, alguém sensato), parece ter consciência do problema. Terá, porém, de tomar medidas substantivas de apoio e de avaliação do processo de integração. Sem amadorismo. Mas isso não basta. É necessário que os Municípios sejam também envolvidos no processo. São parte interessada. Na escola joga-se hoje a segurança e a paz públicas da comunidade de amanhã.

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