Paul Signac, Brisk Breeze from the North, 1985 |
No
centro da terra, uma cobra conspira,
um
buraco branco, uma respiração
suspensa
na seiva das árvores.
Pela
caligrafia, reconhecem-se os desígnios,
o
vendaval da existência,
a
dor surda soprada nos ouvidos,
os
passos do homem sob a névoa da natividade.
Tinha
os braços abertos ao vento.
A
corola lavrada pelas mãos,
sacudida
pelo ar, pelo rumor das sombras,
acesa
na luz verde dos presságios.
Sobre
a sua virtude crescia uma mulher,
olhava
a brisa da noite, a madeira trespassada
na
imobilidade da rocha,
no
eco inocente inscrito na terra.
Pela
doença respiratória vibra o mundo,
a
convulsa iluminação das tardes de Outono,
cercadas
de castanheiros,
os
esparsos cabelos ao vento.
Um
temporal tépido, uma tristeza de terra.
As
vielas abandonadas, graves,
adormecidas
no império do trigo ondulado,
a
ceifa por fazer na minúcia aérea
da
boca branca e calada.
É
um cansaço na fronte, o portão
dobrado
pelos batentes, um ruído
de
plásticos pelos ares. Abandona-se
a
chaga ao vento e pelo pólen das tardes
curva-se
um rio, um empréstimo de células
abrasadas
no vendaval sanguíneo do futuro.
1993
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