Darío de Regoyos y Valdés, Nocturno, 1899 |
A noite mexe-se, agita-se, demora, e no entanto,
a noite é lenta e arrasta-se
a noite é populosa
Maria Andresen
A noite é uma configuração de estrelas perdidas no céu, arrastando-se no turbilhão das eras, fugindo no espaço, escavando túneis para dormirem, presas em constelações, inertes no descanso eterno que as aguarda. Ou, então, a noite é apenas um manto de nuvens e o lençol das névoas, iluminada pelo radar da luz eléctrica, uma noite escrita nas antigas fábricas de tecelagem, agora abandonadas ao vendaval dos homens, agitados pela insónia, perdidos na palidez sonâmbula com que os seus passos rasgam a escuridão. Não; a noite pode ser ainda um mapa onde se inscreve um caminho que oferece, a quem nele se mantém imóvel, a promessa da luz e o fogo da aurora.
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