O tempo novo é marcado pelo facto de os EUA deixarem de ser uma potência liberal, e de se alinharem pelas concepções de política internacional que vigoram na Rússia e na China. Uma das consequências será o fim da estabilidade das fronteiras e a fragilização das independências nacionais. Tudo dependerá dos interesses das grandes potências. Isso afecta de imediato parte substancial da Europa de Leste, onde os interesses russos estão ao rubro. Por outro lado, a União Europeia fica confrontada com três grandes potências interessadas no seu desmantelamento: Rússia, China e EUA. Irão destabilizá-la tanto externamente como através do fomento de forças nacionais extremistas contrárias ao projecto Europeu. Uma desintegração da União Europeia afectará tanto a capacidade dos europeus em defenderem-se de agressões militares, como de sobreviverem economicamente.
Por tudo isto
se compreende a preocupação de Marcelo Rebelo de Sousa. Sabe-se que Portugal
dificilmente é viável, do ponto de vista económico, sem a União Europeia. Os
recursos humanos e de matérias-primas são escassos e o mercado nacional
diminuto. A turbulência que se adivinha pode colocar o país numa situação
económica de grande fragilidade. O problema, porém, pode não ficar por aqui.
Numa nova ordem, ou desordem, internacional, onde nenhuma fronteira está
segura, um país frágil económica e militarmente pode tornar-se incapaz de
assegurar a sua independência nacional. É preciso não esquecer que em política,
aqueles que hoje são nossos amigos, amanhã podem ser inimigos. O que se perfila
no horizonte, tanto na economia como na dimensão militar, é, para um país como
Portugal, muito inquietante. Terão os europeus, para sobreviverem, capacidade e
vontade de se adaptar ao novo mundo?
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