Edward Hopper, Morning Sun, 1952 |
Sol
de Verão rasgado pela corola,
a
lógica animal trazida
pelos
dias de Agosto,
o
símbolo da abundância
semeado
na ânfora da noite.
Árvores
espraiam a seiva da sombra
sobre
um campo de luz,
sobre
oceanos de surda solidão,
a
folhagem agreste a rasgar o corpo.
Quando
o Verão vem,
as
dunas deslizam pelas praias.
Mares
de areia à solta
em
paisagens de rochas e limos,
a
lâmina curva a cintilar
no
verde-azul a cerzir o horizonte.
Vigora
uma ordem perfeita,
rasgão
no pano-cru da atmosfera.
Da
boca solar caem dias de lume,
lâmpadas
de fogo na senda subterrânea,
no
trabalho do espírito abrindo a carne
ao
grito trémulo da língua.
Sobre
o comboio dos dias
arde
o bulício do astro,
o
mosto entre as pernas das mulheres,
o
sacrifício solar
no
mármore opaco da escuridão.
(1993)
[Conjunto de cinco poemas pertencentes à série Cânticos da Terra Amarela]
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