Paul Klee, Castle with Setting Sun, 1918 |
Soltavam
palavras de fogo
na
superfície sulfatada da terra,
um
jardim de ânimo transfigurado,
provérbios
esquecidos
no
porão da memória.
Os
barcos vinham vazios,
sentavam-se
mulheres ao sol,
a
conversa para enxaguar
a
mancha no descompasso da vida.
Acreditavam
nos deuses,
milagres
matinais entre heras,
o
sol a cintilar nos fetos,
acácias
na sombra da casa.
Terra
vergada ao peso das luas,
sem
o fogo do espírito,
submersa
na humidade dos domingos.
Refreado
pelo peso da luz,
o
mundo caía na palha da noite.
Grãos
de areia, sílica, mica,
quartzo
iluminado pelo tempo.
No
revérbero solar desta sabedoria,
um
arquitecto ocioso trabalha
os
dias e as noites, a sombra
fortuita
na mantilha da memória.
(1993)
[Conjunto
de cinco poemas pertencentes à série Cânticos da Terra Amarela]
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.