E. J. Brooking, Changing Pastures, 1906 |
Era um tempo mais lento. Visto a partir do agora em que se vive, poder-se-ia dizer que tudo se dilatava, os segundos, os minutos, as horas, os dias. O ritmo dos acontecimentos obedecia à batuta de um maestro sem pressa, concentrado no prazer de reter cada instante para dele desfrutar, encontrando os segredos que ali se podiam ocultar. Os rebanhos, conduzidos por um pastor imortal, cruzavam os caminhos vazios, entregues à romaria da lentidão, sabendo, com uma ciência arcaica, que chegariam ao destino. E tudo isso se inscreveu, silenciosa e secretamente, numa memória que cada um traz consigo, mesmo que o não saiba. É uma memória feita da lentidão das pedras e do aroma das sombras que o crepúsculo anuncia.
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