Alberto Capmany, A Poesia, 1980 |
Vindo o momento, tudo aquilo que separou
ciência e poesia deixará
de existir sobre a terra.
Hélia Correia
A poesia será o lugar definitivo da esperança. Esta será uma esperança poética e funda-se na recusa de um divórcio irreparável. Os poetas sonham com o paraíso perdido de uma unidade ancestral, pegam na palavra como um instrumento usado na arqueologia, para escavar o terreno em busca dessa hora na qual tudo se fundia na unidade. Pode, porém, uma mãe sonhar com a hora em que ela e o seu filho formavam uma unidade indistinta? Os cientistas caminham sem parar por dentro do campo da separação. Fazem-no porque essa é natureza das coisas. Fazem-no porque são filhos que resistem ao apelo de voltar para o útero materno. Fazem-no porque o mundo é um lugar de múltiplos discursos que, como galáxias, se afastam sem parar uns dos outros.
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