A história tem uma dupla face. Por um lado, oculta aquilo que, sendo favorável, não deixa de ser terrível. Depois, com a passagem do tempo acaba por propor um ajuste de contas em diferido. As guerras não são exercícios de santidade ou, sequer, de probidade moral. Os do nosso lado não são diferentes dos do lado inimigo. Mulheres franceses começam a romper o silêncio que caiu sobre as violações cometidas não por alemães, mas por soldados americanos em França (aqui). O ajuste de contas diferido, em relação aos vitoriosos da segunda Guerra Mundial, já tinha começado há muito com os russos. Chegou agora a vez dos americanos. Tende-se a ver nos vitoriosos, se eles são do nosso lado, um catálogo de virtudes morais. É bom proclamar que o inimigo não é apenas politicamente perigoso, como moralmente vil, enquanto o nosso lado é politicamente adequado e moralmente acima de qualquer suspeita. Isso anima as hostes. Depois, o tempo encarrega-se de mostrar que a vileza moral se encontra bem distribuída por todos os lados.
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