Gustavo Torner - Átomos - Los Cuatro Elementos. Fuego (1986)
45. Quatro elementos: Fogo
Rodopiam faúlhas por detrás da vidraça.
Chegou o tempo de inverno
e os frios vindos do norte acendem
nas almas o escasso desejo da rua,
um tempo de meditação na sombra do calor,
o obscuro pulsar da memória arcaica
escondida num gene por decifrar.
Olho o fogo e uma evidência nasce,
torna-se límpida e desenha um mapa:
todos os lugares que os meus habitaram
e onde, transidos de frio, escutaram,
entre fumo e labaredas, o crepitar do fogo,
a lareira que agora trago na alma
e me aquece na desolação da vida
tomada pela sombra do inverno,
crescendo desmesurada sob o fogo
que as tuas mãos ateiam em mim.
É um poema belíssimo!
ResponderEliminarAo lê-lo, apossei-me da "liberdade" que o leitor tem e senti na alma um calor, vindo do Norte frio, que me prolonga os genes e o futuro.
Um abraço grato
Muito obrigado, JRD.
ResponderEliminarAbraço
Jorge, que pena os elementos serem só quatro :)
ResponderEliminarObrigadíssimo, Ivone. Ainda se poderia considerar o éter, mas talvez a poesia seja mesmo uma coisa física e deixe a metafísica de fora. Ciclo encerrado.
EliminarJá agora, aproveito para sublinhar os quatro extraordinários quadros do pintor espanhol (que grandes pintores a Espanha tem) Gustavo Torner.