Claude Monet - Etretat (1883)
74. Este saber que nasce das águas marítimas
Este saber que
nasce das águas marítimas,
do eterno
jogo da rebentação,
dos gritos
que do mar se soltam frios,
o fogo
dissimulado a extinguir-se no oceano.
Uma fábrica
de areia e sal estende-se para poente,
dissimula-se
e ronrona na manhã perdida,
para chegar
transfigurada ao cair da noite
e rugir
entre dunas e rochas escarpadas.
Trago em mim
um filme oceânico,
a memória de
todos os barcos que partiram
e deixaram
um rasto ultramarino
em cada
porto onde nunca aportaram.
Eis a silenciosa
solidão da mulher que olha
e traz em cada
dedo um anel de algas azuis,
e na mudez
dos seus olhos há um cântico,
a vibração
de uma onda sussurrada e ofegante.
Este é o mar
que nasce na fonte da tua alma,
a sombra e o
segredo das tardes de domingo,
quando o
vento enfuna as velas eriçadas
e o corpo, navio à deriva na praia do desejo.
Um poema muito belo.
ResponderEliminarPor cima do areal a maré(-cheia)da poesia fala-nos de barcos carregados de memórias.
Boa semana
Abraço
Muito obrigado, JRD.
EliminarBoa semana.
Abraço