Katsushika Hokusai - Prostituta e cliente (1811)
Quando reparei, logo nos primeiros tempos, que este governo se apresentava em público sempre de bandeira de Portugal na lapela, duas coisas vieram-me ao espírito. A primeira, a célebre frase de Samuel Johnson, um crítico e jornalista inglês do século XVIII, o patriotismo é o último refúgio de um canalha; a segunda foi a pergunta que graves patifarias políticas, sociais e económicas contra os portugueses está esta gente a preparar? Não vale a pena fazer aqui a história destes desgraçados dois anos. A última semana foi o corolário de uma governação que perseguiu os portugueses desde a primeira hora. Um exercício continuado de patifaria política contra as classes médias e populares. Mas uma patifaria que destruiu o país como o reconhece Vítor Gaspar, um dos génios do descalabro, quando decidiu sair do barco naufragado.
Apesar de tudo isto ser infame, a infâmia cresceu exponencialmente na última semana, com o espectáculo desencadeado pela demissão de Paulo Portas. Tudo o que os portugueses são obrigados a assistir, todo este deprimente espectáculo das conversações entre Coelho e Portas, com as visitas a Belém, atingiu proporções inimagináveis. No centro deste infame espectáculo está a figura do Presidente da República (PR). Apresentada a demissão de Paulo Portas, a única coisa que havia a fazer era a audição imediata dos partidos políticos e do Conselho de Estado, a dissolução do parlamento e a convocação de novas eleições. O PR prestou-se porém a este espectáculo, suscitou-o a partir do momento que empossou Maria Luís Albuquerque, exigiu-o depois de Passos Coelho. Mesmo que venha a dissolver o parlamento, o que é absolutamente inverosímil, estará indelevelmente ligado a todo este espectáculo dado pela direita portuguesa. A partir de ontem, teremos uma intensa campanha de mentiras tentando sublinhar a sensatez e o patriotismo dos intervenientes nesta infâmia. Que ponham duas bandeiras de Portugal, uma em cada lapela, e que a tatuem na testa. De facto, o patriotismo de certa gente...
Há nesta gente uma amoralidade larvar que enoja. Não se percebe se são patifes, canalhas, estúpidos, se já fizeram tantas que são chantageados a torto e a direito, não sei.
ResponderEliminarO que sei é que estamos a assistir à dissolução pública do carácter e da credibilidade de gente que, com o voto de quem votou neles (e que, portanto, achando-se legitimado para fazer o que faz), se instalou nos principais lugares de governação do País.
Preocupa isto. Acho que isto não pode ter um fim digno.
Isto já não pode ter um fim digno. A dignidade é um valor que está ao nível da palavra de honra. Foram dissolvidos pelos mercados e pela desfaçatez.
EliminarOs patriotismos desta gente e "deste país", manifestaram-se por intermitências várias depois de 1143.
ResponderEliminarOs acontecimentos de 1383,1640,1820,1910 e 1974, provam-no à saciedade.
As bandeiras funcionam sempre como "burkas".
Abraço
Isso mesmo, as bandeiras como burkas.
EliminarAbraço