Caravaggio - Bacchus (c. 1595)
Há um enigma neste quadro, Bacchus, de
Caravaggio. Segundo especialistas, o quadro contém dissimulado um auto-retrato
do artista. Onde? No jarro de vinho que está no canto inferior direito do
quadro. "No interior do jarro, Caravaggio pintou a silhueta de um homem,
de pé, com um braço estendido. Alguns traços do vulto são claramente
distinguíveis, em particular o nariz e os olhos, sendo também perceptível um
colarinho. Os especialistas crêem poder hoje dizer-se que o pintor (1573-1610)
fez o seu auto-retrato reflectido num jarro que tinha à sua frente enquanto
estava a pintar." (Público)
Mais enigmática é a representação de Baco. O que terá acontecido
para que o impetuoso e vingativo deus Diónisos, ou a sua encarnação
romana, Baco, que se transforma em leão para devorar gigantes, seja representado por um jovem imberbe, muitas vezes de face andrógina, como
neste quadro de Caravaggio? Por outro lado, o que terá levado o pai do barroco
italiano a representar de forma tão serena, tão apolínea, o deus do excesso e
da embriaguez? A serenidade e a calma representação de Baco são de tal maneira
gritantes que, ao olhar o quadro, penso mais no Sócrates do Banquete, de Platão, do que no velho
deus servido por Sátiros ou Faunos.
Mas ao representar Baco desta forma e ao dissimular-se no jarro de
vinho, talvez Caravaggio quisesse sugerir que o verdadeiro Baco era ele, figura
silvestre sempre disposta para o excesso e a desmedida, e não aquele jovem
delicado que pega na taça de vinho de uma forma tão pouco viril.(averomundo, 2009/10/30)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.