Diego Rivera - El Buen Gobierno (1924)
Se adoptássemos semelhante
perspectiva (a de um governo mundial que transforme o Estado num aparelho
administrativo), acabaríamos não na abolição da política, mas num despotismo de
proporções maciças no qual o abismo separando os governantes dos governados
seria tão gigantesco que qualquer espécie de revolta deixaria de ser possível,
para já não falarmos de qualquer forma de controle dos governantes pelos governados.
[Hannah Arendt (2007), A Promessa da
Política, Lisboa: Relógio d’Água, pp. 86]
Este texto data de 1951, mas continua a manter plenamente a sua
actualidade. Mais do que isso, ele desmonta um dos perigos que, sem nos
apercebermos, começa a instalar-se no Ocidente. O desígnio político de uma
parte substancial do Islão é o do estabelecimento de um califado universal, a
ideia de um governo mundial regido pela ‘sharia’, a lei corânica, a qual
aboliria o direito positivo das nações e submeteria todos os povos e todos os
indivíduos à «lei divina». É fácil perceber que essa lei divina seria aplicada
não por Deus mas pelos homens. Também é fácil perceber que essa situação
configuraria aquilo que Hannah Arendt diz do governo mundial: um despotismo
ilimitado e uma impossibilidade absoluta dos governados exercerem qualquer
controlo sobre os governantes. (averomundo,
2008/02/12)
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