A minha crónica no Jornal Torrejano.
Os recentes elogios da Comissão Europeia ao desempenho de Portugal representam, por pouco que parte da esquerda goste ou não, uma vitória dessa mesma esquerda. De toda a esquerda portuguesa. Quando António Costa, perante os resultados eleitorais, decidiu formar governo com apoio parlamentar do BE, do PCP e do PEV toda a gente ainda está lembrada da tentativa de fronda lançada pela direita, fronda essa que estaria legitimada num conjunto de profecias que anunciavam que o novo governo não duraria seis meses, que o défice iria disparar e que o país estaria à beira do apocalipse. Apesar da situação continuar muito difícil – devido aos problemas da banca e da dívida – a verdade é que o país ganhou bastante com a actual solução política.
Os recentes elogios da Comissão Europeia ao desempenho de Portugal representam, por pouco que parte da esquerda goste ou não, uma vitória dessa mesma esquerda. De toda a esquerda portuguesa. Quando António Costa, perante os resultados eleitorais, decidiu formar governo com apoio parlamentar do BE, do PCP e do PEV toda a gente ainda está lembrada da tentativa de fronda lançada pela direita, fronda essa que estaria legitimada num conjunto de profecias que anunciavam que o novo governo não duraria seis meses, que o défice iria disparar e que o país estaria à beira do apocalipse. Apesar da situação continuar muito difícil – devido aos problemas da banca e da dívida – a verdade é que o país ganhou bastante com a actual solução política.
E ganhou – fundamentalmente, mas não só – no domínio
político. Para perceber o que ganhámos é necessário pensar o que teria sido a
outra solução possível. O que poderia acontecer se PSD e CDS tivessem formado
governo com a cumplicidade – através da abstenção – do PS? Duas coisas seriam
bastante verosímeis. Em primeiro lugar, uma muito maior instabilidade política
derivada à falta de apoio da direita no parlamento, o que traria enormes
problemas ao nível económico e financeiro. Em segundo lugar, cada vez que o PS
se abstivesse para segurar o governo de direita, o BE e PCP – fundamentalmente,
o BE – iriam buscar-lhe uma fatia do eleitorado. Os socialistas estavam em vias
de serem trucidados, tal como aconteceu na Grécia e em Espanha. A solução de
António Costa não lhe salvou apenas a ele a carreira política. Salvou o próprio
PS e segurou a democracia portuguesa dentro da moderação e do equilíbrio.
Ganhou-se ainda mais. Os portugueses perceberam que tanto o
BE como o PCP+PEV são parte da solução para o país e não representam qualquer
ameaça para as instituições. Não existe esquerda radical no parlamento. Esta
solução, cujo mérito deve ser distribuído por todos, tornou a democracia
portuguesa mais sólida, porque lhe dá mais alternativas viáveis. Por outro
lado, Portugal foi poupado a devaneios como os do Syriza na Grécia e impasses
como os provocados pelo Podemos em Espanha. Poder-se-á dizer que tivemos sorte,
pois as esquerdas tiveram o ensinamento prévio dos acontecimentos da Grécia e
de Espanha. É verdade, mas as esquerdas também souberam ler esses
acontecimentos e aprender com eles. Hoje somos um país mais moderado, mais
sensato e equilibrado do que éramos no tempo do anterior governo e do que
seríamos com um governo minoritário de direita. Graças à geringonça. Não é
pouco.
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