sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Alma Pátria - 34: Carlos Mendes - Verão



O Festival RTP da canção e o Festival da Eurovisão tinham um peso enorme no panorama da música ligeira, era assim que então se dizia. Eram acontecimentos que mobilizavam em torno dos ecrãs a generalidade das famílias portuguesas, das que tinham televisão (nesses tempos a democratização do acesso à televisão tinha ainda limitações). Verão, de Carlos Mendes, foi a canção vencedora do Festival RTP de 1968, um ano de intensa vida política por essa Europa fora, revoltas estudantis em França (que depois se atearam por Itália, Alemanha, EUA) Primavera de Praga, na antiga Checoslováquia. Por cá o ditador haveria de cair da cadeira. O imaginário português, presente nesta canção, é o do Verão, com as suas aventuras pequeno-burguesas e o tédio que se aproxima pelo fim da estação estival. Havia toda uma mitologia em torno do Verão, uma mitologia própria de um país que ainda não tinha descoberto as praias inundadas de gente e o turismo de massas. É dessa mitologia, que tem no romance Sinais de Fogo, de Jorge Sena, a sua legitimação, que esta cantigueta extrai a sua existência.

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