Alejandro Mesonero - Y sin embargo silencio
Uma das competências fundamentais da vida política democrática é a gestão da palavra. A democracia é o regime onde a palavra é livre, onde tudo, ou quase tudo, pode ser dito. Isto, porém, é uma aparência. Os detentores do poder, por exemplo, possuem uma esfera de liberdade de expressão muito menor do que pensam. Passos Coelho sentiu na pele essa limitação. O que dizia, logo se voltava contra ele. Essa limitação da liberdade de expressão não se faz por intermédio da censura, mas através do preço político que aquilo que é dito arrasta consigo. Tudo o que em política se faz ou diz tem um preço político. O escrutínio dos media e das oposições é implacável.
António Costa e a esquerda estão a começar a perceber isso. As palavras de congratulação pela redução do défice, pela saída do país do procedimento por défice excessivo, o anúncio do fim da austeridade - palavras mobilizadas com o entusiasmo de uma vitória - estão agora a cair em cima do governo, como no caso da greve dos enfermeiros e no que se prepara para os próximos tempos. A esquerda está a começar a sofrer na pele aquilo que fez ao anterior governo. Se pensou que ia ser poupada a isso, já é tempo de se desenganar. E nisto há já derrotas claras. Na greve dos enfermeiros não é só o governo que está em perda. O PCP é um dos grandes derrotados, ao ser mostrado ao país que não tem qualquer controlo na classe dos enfermeiros.
Para ganhar eleições basta ser esperto e ter algum traquejo na manobra política. Domesticar a própria palavra, ter a percepção clara do que se pode dizer e daquilo que sendo dito pode vir cair em cima da própria cabeça, isso exige uma sabedoria e uma profundidade de pensamento que nenhum político no activo parece ter. Essa falta de maturidade existencial, digamos assim, torna-os impotentes perante a voracidade da comunicação social. Sem dar por isso, estão metidos num sarilho político motivado pela repercussão do que dizem. Muitas vezes pensam que contratar uma agência de comunicação resolver o problema. Não resolve, pois o problema não está na comunicação mas na necessidade de silêncio, de ter a maturidade suficiente para saber calar-se nos momentos mais eufóricos, para evitar que as palavras atiradas contra os adversários - e em política todas as palavras são atiradas contra os adversários - sofram o efeito de boomerang e atinjam quem as profere.
António Costa e a esquerda estão a começar a perceber isso. As palavras de congratulação pela redução do défice, pela saída do país do procedimento por défice excessivo, o anúncio do fim da austeridade - palavras mobilizadas com o entusiasmo de uma vitória - estão agora a cair em cima do governo, como no caso da greve dos enfermeiros e no que se prepara para os próximos tempos. A esquerda está a começar a sofrer na pele aquilo que fez ao anterior governo. Se pensou que ia ser poupada a isso, já é tempo de se desenganar. E nisto há já derrotas claras. Na greve dos enfermeiros não é só o governo que está em perda. O PCP é um dos grandes derrotados, ao ser mostrado ao país que não tem qualquer controlo na classe dos enfermeiros.
Para ganhar eleições basta ser esperto e ter algum traquejo na manobra política. Domesticar a própria palavra, ter a percepção clara do que se pode dizer e daquilo que sendo dito pode vir cair em cima da própria cabeça, isso exige uma sabedoria e uma profundidade de pensamento que nenhum político no activo parece ter. Essa falta de maturidade existencial, digamos assim, torna-os impotentes perante a voracidade da comunicação social. Sem dar por isso, estão metidos num sarilho político motivado pela repercussão do que dizem. Muitas vezes pensam que contratar uma agência de comunicação resolver o problema. Não resolve, pois o problema não está na comunicação mas na necessidade de silêncio, de ter a maturidade suficiente para saber calar-se nos momentos mais eufóricos, para evitar que as palavras atiradas contra os adversários - e em política todas as palavras são atiradas contra os adversários - sofram o efeito de boomerang e atinjam quem as profere.
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