De um momento para o outro, em política, tudo muda. O que parecia verdade ontem, deixou de o ser hoje. Isto não se deve a uma hipotética falta de carácter dos políticos. Deve-se à natureza móvel e incerta da realidade em que vivemos. Até há dias tudo apontava para que a ameaça à União Europeia estivesse contida. Ora as eleições alemãs vieram alterar radicalmente o panorama. Não nos enganemos nas causas dessa alteração. O problema não vem da entrada da extrema-direita no parlamento. É uma coisa lamentável, por certo. É um sinal dos tempos, também, mas não é o problema. O problema reside no facto de a senhora Merkel precisar de se aliar aos Liberais, além dos Verdes, para formar governo.
O objectivo dos Liberais - e receberam os votos para isso - é de intensificar uma política punitiva dos países do Sul da Europa, o controlo draconiano das fianças públicas e dos défices. Os países do Sul foram os grandes derrotados das eleições alemãs, como salientava Rui Tavares, no Público, numa eufemística declaração de que as eleições alemãs correram mal à Europa e, em particular, ao sul da Europa. Elas não apenas correram mal, elas podem ser o princípio de um novo martírio. Portugal, por exemplo, contava com a manutenção da situação alemã para que a canga da dívida pudesse ser tratada de uma outra maneira. Isso acabou se os Liberais tomarem conta das Finanças alemãs como pretendem. Por outro lado, os Liberais opõem-se a tudo o que preconiza Macron. A Europa, sem dar por isso, passou de um momento de acalmia para outro em que se desenha uma nova tempestade tropical, ali mesmo onde não há trópicos. A situação é muito mais negra do que parece. Um novo espectro assombra a pobre União.
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