Gustav Klimt, O beijo, 1907-8
A ideia da superioridade moral dos comunistas infestou até uma pessoa como Joaquim Vieira. Ao realizar a biografia de José Saramago terá descoberto que o Nobel português da literatura era um machista. Na entrevista agora concedida ao Público é dito: "O machismo é mais surpreendente no Saramago por causa da sua posição ideológica. Uma pessoa não está à espera disso”. Não me interessa, diga-se de passagem, se Saramago era ou não machista. Interessa-me, porém, esta associação entre moral e posicionamento político-ideológico. No momento em que aceitarmos que uma dada posição política implica uma conduta moral superior à de outras posições políticas, então já matámos - nem que seja no espírito - a democracia. Fará sentido escolher políticos que são moralmente inferiores? A ideia de superioridade moral dos comunistas nada tem a ver com a moral, mas com uma estratégia política dos próprios comunistas. Que eles a usem, ainda se entende. Que pessoas como Joaquim Vieira fiquem surpreendidas por verem um comunista sofrer dos mesmos pecados que qualquer outra pessoa é que é surpreendente.
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