O BLOCO DE ESQUERDA E
OS DEPUTADOS. Parece haver divergências entre a distrital de Santarém e a
direcção nacional sobre quem deve encabeçar a lista de candidatos pelo distrito
às eleições legislativas. Este caso e também o do Porto, onde existe
contestação às opções da direcção nacional, mostram que o BE está cada vez mais
integrado no espírito do sistema partidário português. A proximidade do poder
gera competição pelos lugares elegíveis e as direcções centrais dos partidos
preocupam-se em assegurar fidelidades, uma forma de ter um exército coeso e
evitar ruído. Todas estas coisas, porém, têm um preço. Para o BE é o da
banalização, o ser visto como um partido igual aos outros.
AS OPÇÕES DE RUI RIO.
O líder do PSD surpreendeu o establishment
político com a escolha dos primeiras cabeças de listas para as eleições de Outubro.
Os apoiantes de Rio verão nas escolhas uma excelente ideia para renovar o
partido. Outros sublinharão nessas escolhas a estratégia para eliminar os
críticos da direcção. Na verdade, tudo isso é irrelevante. O que tem relevo é,
a confirmar-se o rumor, o facto de Rui Rio não encabeçar nenhuma lista de
candidatos. Por uma questão simbólica e de tributo à democracia representativa,
um candidato a primeiro-ministro deve encabeçar uma das listas colocadas à
votação.
UNIÃO EUROPEIA. Há
dias, Emmanuel Macron disse, a propósito do preenchimento dos lugares de topo
da União Europeia, que os líderes europeus deram uma péssima imagem daquela. Em
todos os projectos políticos há uma dose de utopia. Esta tem a função positiva
de fornecer um horizonte. Tem, porém, uma dimensão negativa: a de querer forçar
a realidade. As actuais dificuldades parecem mostrar que se passou a ténue
fronteira onde a utopia europeia é positiva e se entrou num não lugar onde, por
negação da realidade, a vida é impossível.
A QUEDA DO CATOLICISMO.
Um estudo sobre a paisagem religiosa da grande Lisboa, coordenado por Alfredo
Teixeira, da Universidade Católica, tem um conjunto de dados que vale a pena
prestar atenção. Nesta área do país, apenas 55% das pessoas se dizem católicas,
mas uma grande parte destas são não praticantes e muitas contestam as
orientações da Igreja. Por outro lado, 35% dos inquiridos dizem-se crentes sem
religião (13,1%), ateus (10%), agnósticos (6,9%) ou indiferentes (4,9%). O dado
mais importante a realçar é a grande erosão sofrida pela Igreja Católica no seu
poder para moldar consciências e atrair as pessoas para os seus valores. Em
poucas décadas, a principal fonte de formação de valores morais da sociedade
portuguesa parece ter-se esgotado.
[A minha crónica no Jornal Torrejano]
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